segunda-feira, 17 de junho de 2013

Que as primeiras sejam o treino de um jogo bem maior!

Em um bate-papo daqueles de faculdade, ainda mais em um curso tão reflexivo socialmente quanto o de História, é inevitável haver debates referentes à temas em voga no presente cenário sociopolítico nacional. Nesse quesito, o start foi dado pelas grandes manifestações motivadas principalmente pelo aumento nos preços das passagens de ônibus da cidade de São Paulo.
Então, conversa vai, conversa vem, chegamos a um questionamento: qual é mesmo o motivo dessas manifestações? 20 centavos? Não, como já disseram no Facebook "não são apenas 20 centavos, mas toda a roubalheira que vem acontecendo no cenário nacional!"
O que espero que o povo em geral entenda é que este deve lutar por melhorias no setor de transportes e não por meros 20 centavos, que acarretarão em média 10 reais ao mês para o trabalhador em geral. 10 reais são 2 cervejas no barzinho da esquina, são menos da metade de um ingresso do jogo do Corinthians ou do Bahia - que a grande massa, seja ela das classes baixa (principalmente), média ou alta comparece. Temos que lutar é pela troca da frota tos ônibus (quase todos) que são arcaicos e/ou circulam em péssimas condições; temos que protestar é contra a condição das estradas e até dos pontos de ônibus; temos que fazer manifestações ée para reduzir em 30 minutos o tempo gasto para chegar ao trabalho e, consequentemente, acrescentar esse tempo ao lazer e ao sono.
Que danem-se as 2 cervejas ou o ingresso do futebol, afinal, se não aumentarem a tarifa da passagem do 'buzão', aumentarão o da energia, o do serviço de água e esgoto, o do tomate, o do papel higiênico; isso é um ciclo!
As mudanças aparecerão quando as outras classes trabalhadoras derem apoio às justas greves policiais; quando os alunos e pais de alunos, frentistas, motoristas e empresários lutarem junto aos professores por salários mais dignos. O aumento nos salários dos PMs não vai aumentar 10 reais no nosso bolso ao fim do mês, mas vai trazer uma concorrência maior junto às ofertas de emprego, consequentemente, aumentando assim a qualidade no quadro de funcionários. O mesmo acontece com os professores. | Sabe aquelas propagandas de concursos da Polícia Federal que passam na TV e atraem muita gente inteligente e competente para fazer um curso superior na área de Direito e tentar garantir seu trabalho com salário elevado? Imagina tudo isso acontecendo com Docentes e PMs. Será que não iria trazer um grupo de trabalhadores específicos da área com uma maior perspectiva de exerção da função com qualidade?
Apoio essas manifestações, pois estão demonstrando que o povo brasileiro está percebendo a situação difícil à qual está passando, mas temos que ir aprofundando as reivindicações cada vez mais!

Um comentário:

  1. Caro Erick para começar meu curto comentário é preciso fazer algumas ressalvas. A primeira é que tudo que eu colocar aki parte do conceito de experiência como elemento central. Portanto, uma das interpretações possíveis é de que o presente é fruto de expressões e fatores anteriores, intensificados num dado contexto e potencializado na atualidade. A segunda ressalva é de que a experiência histórica nos possibilita enxergar que a maioria dos movimentos sociais em torno de melhores condições de vida surgiram a partir de questões especificas e aparentemente simples. Dados os limites de proporção e pedindo perdão aos historiadores vamos cometer o crime capital do campo historiográfico:o anacronismo. Desde mil e tantos o Brasil virou palco de um conjunto de rebeliões e resistências. Onde houve trabalho escravo houve conflito. 1789, 1798, 1835 e por aí vai. Em 1919 a Bahia parou com a paralização dos operários das indústrias têxteis que funcionavam como locomotiva econômica do Estado. Eram mais de 15.000 braços parados. Em 1909 a população de Alagoinhas parou os trens da ferrovia contra o aumento das passagens e, em alguma medida, em solidariedade aos ferroviarios que protagonizaram greves meses antes. O fato mais precioso é que todo o arsenal de experiência serviu para "mudar a cara" do operariado baiano. As mudanças fazem parte de um processo. Lembre-se que se a princesa Isabel não tivesse assinado a Lei Áurea nós ainda seriamos oficialmente escravos.
    As reinvidicações que vem se intensificando no mundo inteiro é fruto do processo de insatisfação generalizado, mas só eclode a partir de algum elemento detonador, por menor que pareça. Lembremos que os descontentamentos com tarifas começou com a Revolta do Buzu" em Salvador no ano de 2003. Naquele ano o movimento se intensificou e Florianópoles e Curitiba baixaram as passagens. De lá pra cá muita gente saiu às ruas. Descontentes com a educação, saúde, carestia, corrupção, especulação imobiliária, falta de infraestrutura e tudo mais. Não eram apenas alguns centavos.
    Portanto, esse descontentamento generalizado e intensificação da solidariedade fazem parte de um processo cuja experiência histórica pode explicar. Abraço e parabens pelo blog...Gostei

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